sábado, 9 de fevereiro de 2008

Havaianas


Que pedir a um ano novo

fama, grana, remissão?

Pra quê, há coisas mais bacanas

Quero sossego e Havaianas


Como eu seria simples

Espicharia o casco ao sol

Divagaria bobagens tamanhas

Pé no chão, só as Havaianas


Não teria mais porto

Atracaria em areias distantes

Potiguares, gaúchas, baianas

Como viajariam minhas Havaianas


Aproveitaria cada minuto

Boiaria, mergulharia

Até me agarraria a barbatanas

Pra depois adormecer de Havaianas


Até me dissolver na espuma

Curtir o cabelo na água e sal

Pente algum desataria as tramas

Se eu vivesse de Havaianas


Mandaria o chefe às favas

Viveria de brisa fresca

Sobreviveria à base de bananas

Meu reino por um pé de Havaianas


Fingiria que era outro

Um poeta que endoideceu

Escreveria rimas parnasianas

Na areia em volta das Havaianas


E de noite, não faltasse um carinho

Um colo com tudo de bom

Namoraria Luízas, Cláudias e Anas

Um pé que também usasse Havaianas


Se não encontrasse, paciência

Eu me entregaria a prazeres fugazes

Daria as festas mais insanas

Todos a rigor, só de Havaianas


Dê-me sol, dê-me areia

Caipirinha, ostras e caju

Lua detrás das montanhas

Só não me faltem as Havianas


Eis o que eu pediria

Ao ano, se ele me ouvisse

Duas mil e oito coisas bacanas

E um só par de Havaianas


Se o mundo acabar, quem garante?

Seríamos homens realizados

Uma legião de anjos à paisana

Só de asas e Havaianas